segunda-feira, 5 de maio de 2014

TEMPOS DE BORRASCA AMEAÇAM O FUTURO DOS PORTUGUESES



Os portugueses têm vindo a ser quase diariamente bombardeados com notícias que não prenunciam nada de bom para o futuro do nosso país nem do nosso povo. Os portugueses estão preocupados e temem pelo seu futuro, pelo futuro dos seus filhos e dos seus netos. Adensam-se nuvens muito negras sobre o povo português que tem vindo a ser recentemente esbulhado de muitos dos direitos adquiridos ao longo de muitos anos de trabalho, direitos esses considerados sagrados desde há muito  por governos, sindicatos e patrões. Num ápice tudo agora foi deitado por terra. Actualmente governa-se em Portugal contra o povo e não em prol do povo como é obrigação de qualquer governo eleito democraticamente. Os portugueses da classe média e das classes mais desfavorecidas têm sido o alvo preferencial das medidas de austeridade adoptadas sem um mínimo de sensibilidade social e já atingiram o limite das suas capacidades para suportar mais ataques à sua bolsa e os sacrifícios que lhes continuam a ser exigidos. O anunciado aumento de impostos e cortes nos salários e nas pensões que o governo se prepara para impôr no próximo ano aos portugueses vai lançar milhares de famílias na pobreza e muitas mesmo na mais dolorosa e humilhante das misérias. Não tenhamos medo de usar palavras duras quando elas traduzem fielmente a dureza das medidas que se aproximam.

Perante as notícias que correm, os portugueses desesperam e interrogam-se inquietos sobre o lhes reservará o futuro. Não será muito difícil prever o que aí vem já em 2013. Mais desemprego, aumento brutal, selvático mesmo, dos impostos, cortes significativos nos salários, nas pensões, nos subsídios e no apoio social do Estado, redução das verbas para a saúde e para a educação entre tantas outras “malfeitorias” que se adivinham. Mais uns milhares de concidadãos nossos ver-se-ão obrigados a entregar as suas casas aos bancos por não conseguirem pagar os empréstimos. A solução para muitos deles poderá ser a rua, um papelão a servir de enxerga e um monte de páginas de jornais velhos como cobertores, estendidos debaixo de uma ponte qualquer, num banco de jardim ou num vão de escada de um prédio abandonado e em ruínas. Haverá, que ninguém duvide, uma procura cada vez maior dos refeitórios sociais. É o regresso à “sopa do Sidónio” muito popular nos primórdios da primeira república. É um retrocesso de cerca de 100 anos. Bem podem estar orgulhosos os “pseudo-democratas” que lançaram este país na penúria e que agora contemplam a sua obra à distância, bem instalados na vida, seja em França, em Angola ou em qualquer outro país desde que seja bem longe de Portugal. Apesar do mal que nos fizeram e porque não sou vingativo, deixo-lhes um conselho, afastem-se da Islândia porque eles por lá têm o mau hábito de julgar e punir os responsáveis por quem delapida as finanças e a economia do país. Um mau exemplo, decerto.
 
É este futuro negro que espera os portugueses se entretanto o governo não arrepiar caminho e fazer aquilo que é a sua obrigação, defender o povo que o elegeu, principalmente os cidadãos mais carenciados. É imperioso bater o pé à “Troika” e dar  prioridade absoluta ás questões sociais e á recuperação da economia. O Estado Social tem que ser defendido a todo o custo e a Igreja já se pronunciou claramente nesse sentido. A dignidade das pessoas, a defesa intransigente dos direitos e do bem-estar das crianças, dos idosos e dos doentes não são negociáveis e têm que ser salvaguardadas sem reservas. Perguntamo-nos como foi possível que o nosso país tenha chegado a esta situação desesperada em que se encontra. A resposta é fácil e óbvia. Chegámos a este ponto por culpa de políticos incompetentes e irresponsáveis que delapidaram os dinheiros públicos em mordomias escandalosas, em gastos sumptuosos, em compadrios e favorecimento de amigos e correlegionários, em reformas chorudas obtidas após uma mera dúzia de anos de permanência em cargos políticos. Há mais de uma década nas mãos de uma geração de políticos impreparados que optaram por se filiarem nas juventudes partidárias onde aprenderam a arte da demagogia e da mentira e as manhas da politiquice em vez de apostarem no enriquecimento intelectual, na aquisição de conhecimentos sólidos baseados no saber científico que apenas se adquire nas universidades a sério, o país tinha inevitavelmente de se ressentir da má qualidade dos seus dirigentes políticos que parecem mais interessados no usufruto dos benefícios pessoais que a política lhes proporciona do que em servir o povo que lhes paga generosos ordenados, subsídios, cartões de crédito, automóveis topo de gama, viagens à volta do mundo e toda uma infinidade de privilégios e mordomias. Para eles não há cortes nos salários nem nos subsídios. Enquanto lançam para a pobreza e para a miséria alguns milhões de portugueses, estes políticos desumanos e insensíveis não abdicam de nenhum dos seus privilégios, O sofrimento do povo parece não os incomodar nem lhes tirar o sono. Solidariedade é uma palavra que desconhecem e afirmam com arrogância que lidam bem com a impopularidade. Curiosamente, enquanto estes políticos de segunda categoria impõem despoticamente ao povo sacrifícios que não aceitam para eles, dobram-se subservientes perante os poderosos que vindo do estrangeiro a pretexto de uma alegada ajuda apenas nos estão a destruir como país e como povo. Em contraponto com o autoritarismo que revelam dentro de portas perante um povo desmotivado e enfraquecido vergam-se vergonhosamente servis perante os senhores do mundo aceitando sem reagir todo o tipo de imposições gravosas para o povo que juraram defender..  
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Nuvens bem negras se adensam sobre o futuro de Portugal, o futuro que a geração dos políticos papagaios vão deixar como herança às gerações vindouras. Os portugueses têm todas as razões para se sentirem inquietos, deprimidos e revoltados. Como seria possível que não o estivessem quando engrossa diária e dramaticamente a legião dos desempregados?  Como queriam que se sentissem os portugueses que trabalharam uma vida inteira, sempre descontaram até ao último tostão tudo aquilo que o Estado lhes exigiu e que agora se vêm espoliados de parte significativa das suas pensões ganhas honestamente com o suor do seu rosto ao longo de uma vida de trabalho? Como querem que se sintam os portugueses quando diariamente ouvem os governantes e os seus fiéis arautos vir lamentar publica e despudoradamente que a esperança de vida em Portugal está a aumentar? Quererão ser incensados pelo povo aqueles que pensam que o ser humano é útil apenas enquanto tem uma vida activa, trabalha e desconta para os cofres do Estado mas que é descartável logo que se aposenta e passa a receber a reforma  a que tem direito para a qual ele contribuiu durante muitas décadas de trabalho?

George Orwel dá-nos conta no seu livro “O Triunfo dos Porcos” da existência de uma quinta onde há muito viviam  em perfeita harmonia várias espécies de animais. Um dia os porcos decidem tomar o poder nas suas mãos, mudam as regras a seu belo prazer, e determinam que a partir desse momento todos os animais da quinta são iguais mas que há uns que serão mais iguais do que outros. São os porcos, evidentemente. Portugal- parece-se cada vez mais com a quinta de que George Orwel nos fala. À luz da Constituição todos os portugueses são iguais nos seus direitos e nos seus deveres, mas a verdade é que há alguns que são mais iguais que outros. Basta ver quem são os que veem os seus rendimentos reduzidos por medidas infames e aqueles a quem essas medidas não se aplica. “O Triunfo dos Porcos”, mantém-se infelizmente bem actual. nos dias de hoje em Portugal..


Guilherme Duarte 

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