Os portugueses têm vindo a
ser quase diariamente bombardeados com notícias que não prenunciam nada de bom
para o futuro do nosso país nem do nosso povo. Os portugueses estão preocupados
e temem pelo seu futuro, pelo futuro dos seus filhos e dos seus netos. Adensam-se
nuvens muito negras sobre o povo português que tem vindo a ser recentemente esbulhado
de muitos dos direitos adquiridos ao longo de muitos anos de trabalho, direitos
esses considerados sagrados desde há muito por governos, sindicatos e patrões. Num ápice
tudo agora foi deitado por terra. Actualmente governa-se em Portugal contra o
povo e não em prol do povo como é obrigação de qualquer governo eleito democraticamente.
Os portugueses da classe média e das classes mais desfavorecidas têm sido o
alvo preferencial das medidas de austeridade adoptadas sem um mínimo de
sensibilidade social e já atingiram o limite das suas capacidades para suportar
mais ataques à sua bolsa e os sacrifícios que lhes continuam a ser exigidos. O anunciado
aumento de impostos e cortes nos salários e nas pensões que o governo se
prepara para impôr no próximo ano aos portugueses vai lançar milhares de
famílias na pobreza e muitas mesmo na mais dolorosa e humilhante das misérias. Não
tenhamos medo de usar palavras duras quando elas traduzem fielmente a dureza
das medidas que se aproximam.
Perante as notícias que
correm, os portugueses desesperam e interrogam-se inquietos sobre o lhes reservará
o futuro. Não será muito difícil prever o que aí vem já em 2013. Mais
desemprego, aumento brutal, selvático mesmo, dos impostos, cortes
significativos nos salários, nas pensões, nos subsídios e no apoio social do
Estado, redução das verbas para a saúde e para a educação entre tantas outras
“malfeitorias” que se adivinham. Mais uns milhares de concidadãos nossos
ver-se-ão obrigados a entregar as suas casas aos bancos por não conseguirem
pagar os empréstimos. A solução para muitos deles poderá ser a rua, um papelão
a servir de enxerga e um monte de páginas de jornais velhos como cobertores,
estendidos debaixo de uma ponte qualquer, num banco de jardim ou num vão de
escada de um prédio abandonado e em ruínas. Haverá, que ninguém duvide, uma procura
cada vez maior dos refeitórios sociais. É o regresso à “sopa do Sidónio” muito
popular nos primórdios da primeira república. É um retrocesso de cerca de 100
anos. Bem podem estar orgulhosos os “pseudo-democratas” que lançaram este país
na penúria e que agora contemplam a sua obra à distância, bem instalados na
vida, seja em França, em Angola ou em qualquer outro país desde que seja bem
longe de Portugal. Apesar do mal que nos fizeram e porque não sou vingativo, deixo-lhes
um conselho, afastem-se da Islândia porque eles por lá têm o mau hábito de
julgar e punir os responsáveis por quem delapida as finanças e a economia do
país. Um mau exemplo, decerto.
É este futuro negro que espera
os portugueses se entretanto o governo não arrepiar caminho e fazer aquilo
que é a sua obrigação, defender o povo que o elegeu, principalmente os cidadãos
mais carenciados. É imperioso bater o pé à “Troika” e dar prioridade absoluta ás questões sociais e á recuperação
da economia. O Estado Social tem que ser defendido a todo o custo e a Igreja já
se pronunciou claramente nesse sentido. A dignidade das pessoas, a defesa
intransigente dos direitos e do bem-estar das crianças, dos idosos e dos
doentes não são negociáveis e têm que ser salvaguardadas sem reservas. Perguntamo-nos
como foi possível que o nosso país tenha chegado a esta situação desesperada em
que se encontra. A resposta é fácil e óbvia. Chegámos a este ponto por culpa de
políticos incompetentes e irresponsáveis que delapidaram os dinheiros públicos
em mordomias escandalosas, em gastos sumptuosos, em compadrios e favorecimento
de amigos e correlegionários, em reformas chorudas obtidas após uma mera dúzia
de anos de permanência em cargos políticos. Há mais de uma década nas mãos de
uma geração de políticos impreparados que optaram por se filiarem nas juventudes
partidárias onde aprenderam a arte da demagogia e da mentira e as manhas da
politiquice em vez de apostarem no enriquecimento intelectual, na aquisição de
conhecimentos sólidos baseados no saber científico que apenas se adquire nas
universidades a sério, o país tinha inevitavelmente de se ressentir da má
qualidade dos seus dirigentes políticos que parecem mais interessados no
usufruto dos benefícios pessoais que a política lhes proporciona do que em
servir o povo que lhes paga generosos ordenados, subsídios, cartões de crédito,
automóveis topo de gama, viagens à volta do mundo e toda uma infinidade de privilégios
e mordomias. Para eles não há cortes nos salários nem nos subsídios. Enquanto
lançam para a pobreza e para a miséria alguns milhões de portugueses, estes
políticos desumanos e insensíveis não abdicam de nenhum dos seus privilégios, O
sofrimento do povo parece não os incomodar nem lhes tirar o sono. Solidariedade
é uma palavra que desconhecem e afirmam com arrogância que lidam bem com a
impopularidade. Curiosamente, enquanto estes políticos de segunda categoria impõem
despoticamente ao povo sacrifícios que não aceitam para eles, dobram-se subservientes perante os poderosos que vindo do estrangeiro a pretexto de uma alegada ajuda apenas
nos estão a destruir como país e como povo. Em contraponto com o autoritarismo
que revelam dentro de portas perante um povo desmotivado e enfraquecido
vergam-se vergonhosamente servis perante os senhores do mundo aceitando sem
reagir todo o tipo de imposições gravosas para o povo que juraram defender..
.
Nuvens bem negras se adensam
sobre o futuro de Portugal, o futuro que a geração dos políticos papagaios vão deixar
como herança às gerações vindouras. Os portugueses têm todas as razões para se
sentirem inquietos, deprimidos e revoltados. Como seria possível que não o estivessem
quando engrossa diária e dramaticamente a legião dos desempregados? Como queriam que se sentissem os portugueses
que trabalharam uma vida inteira, sempre descontaram até ao último tostão tudo
aquilo que o Estado lhes exigiu e que agora se vêm espoliados de parte significativa
das suas pensões ganhas honestamente com o suor do seu rosto ao longo de uma
vida de trabalho? Como querem que se sintam os portugueses quando diariamente
ouvem os governantes e os seus fiéis arautos vir lamentar publica e despudoradamente
que a esperança de vida em Portugal está a aumentar? Quererão ser incensados
pelo povo aqueles que pensam que o ser humano é útil apenas enquanto tem uma
vida activa, trabalha e desconta para os cofres do Estado mas que é descartável
logo que se aposenta e passa a receber a reforma a que tem direito para a qual ele contribuiu
durante muitas décadas de trabalho?
George Orwel dá-nos conta no
seu livro “O Triunfo dos Porcos” da existência de uma quinta onde há muito viviam
em perfeita harmonia várias espécies de animais.
Um dia os porcos decidem tomar o poder nas suas mãos, mudam as regras a seu
belo prazer, e determinam que a partir desse momento todos os animais da quinta
são iguais mas que há uns que serão mais iguais do que outros. São os porcos,
evidentemente. Portugal- parece-se cada vez mais com a quinta de que George
Orwel nos fala. À luz da Constituição todos os portugueses são iguais nos seus
direitos e nos seus deveres, mas a verdade é que há alguns que são mais iguais
que outros. Basta ver quem são os que veem os seus rendimentos reduzidos por
medidas infames e aqueles a quem essas medidas não se aplica. “O Triunfo dos
Porcos”, mantém-se infelizmente bem actual. nos dias de hoje em Portugal..
Guilherme Duarte
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