quarta-feira, 30 de abril de 2014

ABRIU A CAÇA AO IDOSO


                                                                               
                                                                                        
A população mais idosa está na mira dos governantes do nosso país e está na mira, não porque estes estejam preocupados com o seu bem estar e empenhados em proporcionar-lhes uma velhice digna, confortável e com a qualidade que merecem mas porque, para eles, os idosos, não passam de um empecilho e um encargo insuportável para os cofres do Estado. Para falar mais claro, os idosos são, para quem nos governa,   uns  parasitas que nada fazem e que vivem à custa do erário público sem terem para o país qualquer espécie de utilidade. É assim que os nossos governantes pensam embora não o digam claramente mas as medidas gravosas que têm vindo sucessivamente a tomar e que penalizam sempre os idosos revelam aquilo que eles tentam esconder. O Primeiro-Ministro afirmou recentemente que os reformados e pensionistas em Portugal não pagaram o suficiente para terem direito às reformas que recebem. Tem razão o nosso primeiro que pecou apenas por generalizar e não ter identificado inequivocamente a quem se estava a referir. Há de facto muita gente em Portugal a receber reformas imerecidas porque não trabalharam nem pagaram o suficiente para as justificar, mas esses não são certamente os trabalhadores que após uma vida inteira de trabalho e de terem contribuído para criar riqueza para o nosso país, só têm direito a reformar-se aos 65 anos trazendo consigo, na grande maioria dos casos, pensões que mal chegam para garantir a sua subsistência. O Primeiro-Ministro quereria certamente referir-se àqueles senhores privilegiados que após doze anos no exercício de cargos políticos passam a ter direito a receber uma apreciável pensão de reforma, qualquer que seja a sua idade e mesmo que nada de relevante tenham feito em prol da nação durante os seus mandatos.

A verdade é que de há uns tempos a esta parte temos vindo a ouvir frequentemente da  boca de membros do governo,  ou de alguns dos seus fiéis arautos, que a esperança de vida dos portugueses tem vindo a aumentar. Não haveria nada de mal nessas afirmações se não descortinássemos nelas uma boa dose de lamúria. Quando se esperaria que os nossos governantes se regozijassem com o progresso da ciência médica e aproveitassem essa realidade para destacarem o sucesso da política de saúde do nosso país, ainda que com alguma demagogia à mistura,  pelo contrário, sentem-se tão incomodados com esse facto que chegam a esquecer a decência e o sentido de humanidade e da vergonha permitindo-se o desplante de vir publicamente lamentar-se por os portugueses estarem a viver tempo demais. O país ouve e fica estupefacto. 

Para esta nova geração de, ( péssimos), políticos desprovidos de coração, que pouco ou nada fizeram de útil na vida, sem o mínimo de sensibilidade social e de respeito pelo povo que os elegeu, o direito à vida está dependente de uma mera avaliação contabilística. Para estes aprendizes de políticos, incompetentes e desumanos, o raciocínio é muito simples; se  dás lucro ao Estado podes viver, se apenas és um encargo e dás despesa, então vê se morres rapidamente. Esta forma de pensar e fazer política é tremendamente cruel e exala um acentuado fedor neonazi..

Esta hostilidade contra os idosos, para além de injusta é também estúpida e cruel. Cresce no cérebro minúsculo de alguns dos nossos políticos  a ideia que os idosos são perniciosos para o Estado e constituem um fardo tão dispendioso que seria conveniente para o país que não vivessem tanto tempo. Quem alimenta na sua cabeça tais ideias, ou é criminoso ou sofre de algum distúrbio mental grave a requerer tratamento urgente. Perante esta nova mentalidade, a palavra que imediatamente me ocorre para qualificar estas ideias perversas é apenas uma: EXTERMINAÇÃO. Dir-me-ão que é uma palavra demasiado violenta, mas se pensarmos bem e estivermos atentos a tudo o que esta gente diz e faz, teremos que concluir que não é uma palavra totalmente desadequada. Hitler era um louco, um alucinado que em vez de ter sido internado numa clínica psiquiátrica foi eleito para liderar e governar a Alemanha. Resultado? Uma guerra longa e sangrenta, a Europa arrasada e muitos milhões de mortos pelo caminho. Ficou demonstrado inequivocamente e de forma trágica, que é muito perigoso entregar um país nas mãos de loucos.

De quando em vez as televisões e o cinema, “para que o mundo não esqueça”, mostram-nos imagens dos campos de extermínio nazis como Auchewitz, Bikernau, Treblinka, Chelmno, Jasenovac entre outros, onde foram exterminados alguns milhões de judeus, apenas por serem judeus. As gerações mais antigas não esqueceram, nem poderiam esquecer, a barbaridade desses crimes, mas os mais novos, na sua maioria, talvez não saibam ou não estejam conscientes dos horrores vividos na Europa entre 1939 e 1945. Talvez desconheçam até o que foi o holocausto, e aqueles que sabem não acreditam que uma situação semelhante se possa vir a repetir nos dias de hoje. Estão redondamente enganados. Os holocaustos nunca deixaram de se praticar e, de diversas formas, continuam a existir um pouco por todo o mundo, basta que estejamos atentos aos noticiários para constatarmos que centenas de milhares de seres humanos continuam a morrer, vítimas da violência das muitas guerras e guerrilhas que proliferam por este mundo fora. Não podemos baixar a guarda e devemos permanecer sempre alerta para combater a tentativa de evitar que políticas que desrespeitem o homem e o seu direito à dignidade, à saúde e à vida, venham a ser adoptadas em Portugal. O perigo espreita. Os idosos estão em risco. Temos que estar muito atentos. A bandeira portuguesa ostenta orgulhosamente a esfera armilar, as cinco quinas e os sete castelos. Não queremos ver lá, um dia, também a cruz suástica.

Caros amigos, acreditem que eu não estou a delirar e garanto que me encontro no meu perfeito juízo. Tudo o que acabei de afirmar  pode parecer exagerado mas é fruto de uma observação atenta de tudo quanto vejo, do que leio e do que ouço. Mas que vi, li ou ouvi eu que me permita tirar semelhantes conclusões? Eu digo. Há dias li que o ministro das Finanças do novo governo japonês  afirmou publicamente que os idosos deviam morrer depressa para não constituírem um encargo para o Estado, (curiosamente o Japão foi no passado um aliado fiel de Hitler e da Alemanha nazi). Mas isso é no Japão, que temos nós a ver com isso? Temos e muito porque recentemente um deputado português escreveu num artigo que publicou num jornal, entre outras coisas, que Portugal está a ser “CONTAMINADO pela já conhecida PESTE GRISALHA e que o envelhecimento da população é “ASSUSTADOR porque provoca um aumento penoso dos encargos sociais com reformas, pensões e assistência médica”. A guerra ao idoso é que é a peste que devemos temer, uma peste tão contagiosa que num ápice saltou de Tóquio até Lisboa. Sr. deputado Carlos Peixoto, acautele-se porque os anos passam céleres e os cabelos embranquecem depressa. O seu irá embranquecer também, a menos que fique careca. Mas careca ou não, os anos ir-se-ão acumulando.Que deseja o senhor para si quando a “peste” da velhice lhe bater à porta?


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Guilherme Duarte